EDUCAÇÃO
FÍSICA INCLUSIVA (2002)
RECHINELI,
A. O Fenômeno da inclusão na educação física escolar: o discurso dos professores
de Itapetininga. Piracicaba,SP: [s.n.], 2008. Dissertação (Mestrado em
Educação Física – Área de concentração Corporeidade, Pedagogia do Movimento e
Lazer) – Faculdade de Ciências da Saúde – Universidade Metodista de Piracicaba,
2008. (p.63-67)
Educação Física Inclusiva: que Educação Física é esta?
Uma
Educação Física em que o professor deverá trabalhar as diferenças dos alunos no
sentido de minimizá-las, propondo tarefas em que as crianças com maiores
dificuldades tenham oportunidade de expor suas angústias e medos, para juntos,
professor, criança e colegas, superarem seus próprios limites.
Nesse
sentido, a Educação Física Inclusiva com base epistemológica na Ciência da
Motricidade Humana, não pode desconsiderar o humano do homem ao ensinar seus
conteúdos específicos e, segundo Moreira (2006, p. 75):
[...] não
devendo mais possibilitar uma aprendizagem apenas nos movimentos mecânicos para
a realização dos exercícios físicos. Jogar, praticar esportes, dançar – tudo
isso é muito mais do que treinar o corpo na repetição de movimentos. É
movimentar-se no sentido da busca permanente das autonomias possíveis.
Dessa
forma acredito na possibilidade de promover a Educação Física para as PD, com
base nos princípios da Ciência da Motricidade Humana que, ao estudar o ser
humano que se movimenta intencionalmente na direção de sua auto-superação, não
classifica esse ser humano em deficiente ou eficiente, pois conforme Gaio e
Cione (2006, p. 92):
Um corpo
que se manifesta, seja ele possuidor de algumas diferenças biológicas ou não, é
movido por intenções. Assim, apesar de estarmos muitas vezes presos a
paradigmas de movimentação, não devemos e não podemos descartar as
possibilidades de, por exemplo, uma pessoa tetraplégica dançar, um cego correr,
um surdo-mudo se expressar, pois o corpo é deficiente, mas a corporeidade não
pode ser tratada como tal!
A
corporeidade é expressa no conjunto das manifestações corpóreas como dançar,
jogar, lutar, entre outras, sendo que as mesmas constituem-se de físico,
afetivo, social e cognitivo. Viver a corporeidade é viver todas as dimensões
humanas em todas as situações vividas e, as PD podem e devem usufruir dessas
manifestações, visto que seus corpos, independentemente das limitações, estão
repletos de potencial, basta que lhes sejam oportunizadas as possibilidades de
demonstrá-lo através das aulas de Educação Física Inclusiva.
Não com a
intenção de concluir, ao contrário, de instigar, retomo as colocações iniciais
em que me propus analisar os corpos das PD em três momentos distintos:
deficiente no passado, eficiente no presente e diferente no futuro.
No passado, confirmando a exclusão dos corpos
deficientes, historicamente renegados, inferiorizados, subestimados,
estigmatizados por décadas.
No presente, evidenciando
a eficiência destes corpos a partir do momento em que lhes são dadas as
oportunidades de participação.
No futuro, que no meu entender se faz agora,
refletindo sobre os corpos diferentes, analisados através da perspectiva da
motricidade humana, respeitados em sua complexidade, compreendidos como seres
humanos que, em sua totalidade pensam, sentem, aprendem, deslocam-se através do
movimento no tempo e no espaço com uma intenção, vivem a própria história em
busca da superação, transcendendo a cada oportunidade vivida.
Para
tanto, faço minhas as palavras de Lenine que em sua composição intitulada
Paciência, declara a urgência na mudança do estilo de vida atual do ser humano
que está se tornando cada vez mais insensível, preocupado apenas com a própria
sobrevivência, mas é possível sobreviver só?
Mudar é
difícil, quebrar paradigmas causa desconforto, medo, mas tentar não dói,
somente pede paciência.
Mesmo
quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando
um corpo pede um pouco mais de alma
A vida não
para
Enquanto o
tempo acelera e pede pressa
Eu me
recuso faço hora vou na valsa
A vida é
tão rara
Enquanto
todo mundo espera a cura do mal
E a
loucura finge que tudo isso é normal
Eu finjo
ter paciência
O mundo
vai girando cada vez mais veloz
A gente
espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco
mais de paciência
Será que é
tempo que lhe falta pra perceber
Será que
temos esse tempo pra perder
E quem
quer saber
A vida é
tão rara
Mesmo
quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo
quando um corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei,
que a vida não para, não para não.
n
Educação Física
que busca critérios nos princípios da diversidade, possibilidades de acesso ao
conhecimento produzido pela humanidade na área da cultura corporal de movimento
e, que atende, não só de direito, mas de fato, a todos que dela participam,
abandonando efetivamente a idéia do aluno padrão.
n
Ajustar as formas
de trabalho para que estas atinjam a todos os alunos da classe, utilizando
estratégias da Educação Física Regular juntamente com as da Educação Física
Adaptada para que se torne inclusiva.
n
Participar de um
processo inclusivo é para Pedrinelli e Verenguer (2005, p.19) “estar
predisposto a considerar e respeitar as diferenças individuais, criando a
possibilidade de aprender sobre si mesmo e sobre cada um dos outros em uma
situação de diversidade de idéias, sentimentos e ações”.
n
Na Educação
Física Inclusiva o professor deverá trabalhar as diferenças dos alunos no
sentido de re-significá-las/respeitá-las, propondo tarefas em que as crianças
com maiores dificuldades tenham oportunidade de expor suas angústias e medos,
para que juntos, professor, criança e colegas, superem limites.
n
Nabeiro (2007) propõe numa relação com o plantio:
n
Educação Física Regular representa a terra;
n
Educação Física Adaptada e suas estratégias o adubo
n
Inclusão no papel da semente.
n
Afirma que a
Educação Física Regular, adequadamente desenvolvida, se torna terreno fértil
para o plantio da semente, ou seja, somando os conhecimentos adquiridos na
Educação Física Regular, com as estratégias da Educação Física Adaptada
juntamente com as especificidades da inclusão, é possível desenvolver o que
denomina de Educação Física Inclusiva.
n
De acordo com
Nabeiro (2002), na Educação Física Inclusiva encontramos alunos com
deficiências nas turmas regulares alterando o contexto ambiental desta área, portanto,
esta nova situação demanda novas estratégias de ensino, mas principalmente
novos valores, conceitos e visão de ser humano incluindo as PD.
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