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20 de dez. de 2013

19/08/2013 - RECREAÇÃO E LAZER


ARTIGO: Profª Paula Maduro

Referências Bibliográficas
* MORENO, Guilherme. Recreação, 1000 exercícios. Rio de Janeiro: 4 ed. Sprint, 2003.
* MARIOTTI, Fabián. Jogos e Recreação. Trad. José Edil de Lima Alves. Rio de Janeiro: Shape Ed., 2003. à Lei 9.696, de 1º de setembro de 1998 – Regulamenta a profissão de Educação Física.

Lazer e Recreação – Conceitos

Objetivo
Caracterização e concepção do lazer e da recreação em diferentes contextos, sua aplicabilidade nos ambientes de atuação do profissional de Educação Física (escolas, hospitais, meio esportivo, etc.) com vivências de recreação e lazer. O papel do profissional de Educação Física, funções do jogo, classificação dos jogos e atividades recreativas, políticas públicas de lazer, como promoção da saúde e qualidade de vida.

Temáticas
* Histórico e conceituação de recreação e lazer;
* Mercado de trabalho do profissional de Educação Física na recreação e lazer;
* Tipologia do jogo e suas funções (jogos, contestes);
* Folclore infantil;
* Pesquisa científica em recreação e lazer;
* Políticas públicas de lazer;
* Recreação e lazer no contexto educacional (escola);
* Recreação e lazer nos processos terapêuticos (hospitais);
* Ecologia da recreação: preservação das áreas de recreação e lazer;
* Projetos de recreação e lazer.

Recreação
Dicionário Aulete Digital - sf.: 1 Ação ou resultado de recrear;  2 O mesmo que recreio (1)
[F.: Do lat. recreatio, onis. Hom./Par.: recreação (sf.), recriação (sf.).]
1 Por livre vontade, voluntária e espontaneamente.

De acordo com Rousseau (1712-1771) recreação é a “liberdade total da criança, não se deve obrigar o aluno a ficar quando quiser ir, não constrangê-lo a ir, quando ficar onde estar. O aluno deve ser educado por e para a liberdade. É preciso que saltem, corram, gritem quando tiver vontade.”
No conceito de recreação feito por Valente (1994, P.180), percebe-se que é englobado o lazer e o jogo, pois a recreação como atividade e comportamento típico de jogo, está contida no lazer. A recreação tem sido um elemento estudado e entendido predominantemente como um composto do lazer. Dessa forma, todas as citações isoladas da palavra lazer, incluem naturalmente a recreação e o jogo.

Para Toseti apud Gonçalves (1997, p.14) A recreação é muito importante para o ser humano não só para a criança. Todos nos precisamos dos nossos momentos de lazer. A palavra recreação vem do latim, recreare, cujo significado é recrear. Portanto as atividades recreativas devem ser espontâneas, criativas e que nos traga prazer. Devem ser praticadas de maneira espontânea, diminuindo as tensões e preocupações.
Segundo meu entendimento, a recreação é a toda atividade espontânea, divertida e criadora que as pessoas buscam para promover sua participação individual e coletiva em ações que melhorem a qualidade de vida e para satisfazer sua necessidade de ordem física, psíquica ou mental e cuja realização lhe proporciona prazer.

Disponível em: Diferenças entre Recreação, Lazer, Jogo e Brincadeira. Jorgio Avlis
 <http://www.jorgioavliss.com.br/site/lazer-e-recreacao/32-diferencas-entre-recreacao-lazer-jogo-e-brincadeira.html>
Acesso em: 19mar2010


Lazer
Dicionário aulet Digital - sm.: 1  Tempo de folga, de descanso ou entretenimento; 2  Atividade praticada nesse tempo; DISTRAÇÃO; DIVERTIMENTO.
 [F.: Posv. do lat. licere 'ser lícito', pelo arc. lezer 'ócio, passatempo'.]


Lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais." 

(Dumazedier, 1976, apud Oleias) Disponível em: Wikipédia <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lazer> Acesso em: 14mar2010

- Ocupação não obrigatória, de livre escolha, por indivíduo que a vive e cujos valores propiciam condições de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoa e social.
- Qualquer atividade pode ser considerada lazer se proporcionar prazer, desenvolvimento e divertimento a quem pratica, pode até ser a não atividade, como por exemplo, o descanso. Júlio Oliveira de Lima

O autor que mais influenciou a concepção brasileira de lazer foi o sociólogo francês Dumazedier. O conceito de lazer de Dumazedier (1983, p.34) diz o seguinte: “o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares ou sociais”.
Para Marcellino (1995, p.31) o lazer também deve ser estudado sob a perspectiva social, e ainda considerando a cultura: “a cultura – compreendida no seu sentido mais amplo – vivenciada (praticada ou fruída) no tempo disponível. O importante como traço definidor é o caráter desinteressado dessa vivência. Não se busca, pelo menos fundamentalmente, outra recompensa além da satisfação provocada pela situação. A disponibilidade de tempo significa possibilidade de opção pela atividade contemplativa”. Nesse aspecto da atividade contemplativa, o conceito de Marcellino é diferente do de Dumazedier.

Um dos conceitos mais interessantes é o de Oleias (2003): Lazer, em sua forma ideal, seria um instrumento de promoção social, servindo para auxiliar no rompimento da alienação do trabalho, apresentando-se politicamente como um mecanismo inovador aos trabalhadores na medida em que estabelece novas perspectivas de relacionamento social; promover a integração do ser humano livremente no seu contexto social, onde este meio serviria para o desenvolvimento de sua capacidade crítica, criativa e transformadora e proporcionar condições de bem-estar físico e mental do ser humano.
No meu entender, o conceito de lazer é muito amplo, pois qualquer atividade pode ser considerada um lazer se proporcionar prazer, divertimento e desenvolvimento a quem pratica, pode até ser a não-atividade, o ócio, como por exemplo o descanso. Até uma atividade profissional ou uma obrigação torna-se um lazer para quem gosta e faz apenas para se divertir e relaxar.

Disponível em: Diferenças entre Recreação, Lazer, Jogo e Brincadeira. Jorgio Avlis
 <http://www.jorgioavliss.com.br/site/lazer-e-recreacao/32-diferencas-entre-recreacao-lazer-jogo-e-brincadeira.html>
Acesso em: 19mar2010
Lúdico
Dicionário Aulete Digital - Referente a jogo ou brinquedo (atividades lúdicas).

Lúdico significa brincar. De acordo com o dicionário Aurélio, lúdico é relativo a jogos, brinquedos e divertimentos.

Atividade lúdica é todo e qualquer movimento que tem como objeto em si mesmo, produzir prazer desde a sua execução, ou seja, divertir o praticante. É brincando, propondo jogos que a criança irá aprender, pois são atividades interessantes que despertam a curiosidade e o prazer em construir conhecimentos, interagindo com o meio físico e social. Portanto, é importante valorizá-lo, dando o tempo para que as crianças possam expressar-se ludicamente aflorando sua criatividade, fantasias, sonhos, frustrações, passando a agir e lidar com seus pensamentos e emoções de forma espontânea.

(Grifo nosso)
(Disponível em: BRINQUEDOTECA: LUGAR DE BRINCAR, APRENDER E CRIAR
Sheila Helena Conceição da Silva; Gláucia Nunes Viñas Maria Daniele Bidô Carvalho; Christina Maria Brazil de Paiva;
Centro de Educação / Núcleo de Educação Especial / PROBEX. Acesso em: 19mar2010)


Todo e qualquer movimento que tem como objetivo produzir prazer, divertir o praticante, atividade lúdica, também conhecida como brincadeira.
- Diversão, alegria e entretenimento à brincando.


Lazer e Recreação – diferença entre os conceitos

As pessoas falam de recreação e lazer como sinônimos, ou seja, como não sabem diferenciar os temas, empregam mal os seus usos. Para iniciar falando sobre isso, podemos nos referir ao tempo em que as pessoas destinam na vida para as mais diversas ocupações. Conforme Cavallari e Zacharias (1994), o Tempo Total de uma pessoa é caracterizado por todo o seu tempo e pode ser subdividido em três partes, que não têm necessariamente a mesma duração, dependem da prioridade de cada um. Podem ser:
Tempo de trabalho: é o tempo utilizado em compromisso, com responsabilidade, obrigação e envolve retorno financeiro, como exemplo, podemos citar, o tempo em que um professor leva para preparar a sua aula, e não somente o tempo em que está envolvido diretamente na atividade, que é segundo os autores citados, o horário de trabalho, e é importante ressaltar também que o tempo de estudo, na escola e for a dela, é considerado um tempo de trabalho.
Tempo de necessidades básicas vitais: é o tempo destinado para a realização das necessidades sem as quais o ser humano não vive, como: sono, alimentação, necessidades fisiológicas e higiene.
Tempo livre: é o que sobra em termos de tempo em relação às outras subdivisões, ou seja, é o tempo total de uma pessoa diminuído daí o tempo de trabalho e o tempo de necessidades básicas vitais. E é exatamente neste tempo livre que as pessoas têm seu tempo de lazer, onde o fato de alguém apresentar predisposição para realizar alguma atividade lúdica (se divertir, entreter-se) demonstra que essa pessoa está em uma situação de lazer e a partir do momento em que concretiza essa vontade, ela está tendo sua recreação. A recreação não é necessariamente uma atividade, mas uma circunstância, uma atitude. A atividade que um indivíduo pratica e assim atinge sua recreação, chama-se de atividade recreativa ou atividade lúdica. Mas é importante observar que nem toda a atitude realizada fora do tempo de trabalho ou do tempo de necessidade básicas vitais é lazer, pois para ser considerada como tal, tem que apresentar o componente lúdico. Um exemplo é ir a uma festa a qual não se tem vontade de ir, porém se decide por ir apenas por obrigação, o que se chama de obrigações sociais. Exemplos similares podem ser: ida a um velório, compras do dia a dia, dentre outros.

Baseando-se nestas discussões, Cavallari e Zacharias (1994), definem lazer e recreação da seguinte forma:

LAZER é o estado de espírito em que uma pessoa se encontra, instintivamente, dentro do seu tempo livre, em busca do lúdico, que é a diversão, alegria, entretenimento.
RECREAÇÃO é o momento ou a circunstância que o indivíduo escolhe espontaneamente e através da qual se satisfaz suas vontades e anseios relacionados ao seu lazer.


Lazer: visão de tempo e atitude

Atitude: considera o lazer como estilo de vida, independente de um tempo determinado.
Tempo: liberado do trabalho, das obrigações (familiares, sociais, religiosas), o “tempo livre”.
à O que é lazer para você? É diversão? Prazer?
à Está relacionado com o quanto se ganha em termos financeiros?
Existem preconceitos em relação à diversão, pois muitos acham que se divertir é uma ocupação apenas das classes mais ricas. Como falar de diversão quando há tanta gente sem casa, sem alimentação, sem condições de cuidar da saúde? As pessoas de classe mais baixa, muitas vezes, acham que pelo fato de serem pobres têm uma incapacidade de interagir com as demais pessoas. É claro que qualquer ser humano sem condições financeiras não consegue ou tem dificuldade de acesso a determinadas formas de lazer (que implicam em algum custo), mas existem organizações que se dedicam ao lúdico, apoiando programas e propostas com o intuito de melhorar / aumentar as possibilidades de diversão para os mais necessitados através de centros culturais, centros esportivos, etc.

Como você ocupa o seu tempo livre?

A diversão e o lúdico estão presentes na sociedade em geral, e podem acontecer em qualquer momento na vida do indivíduo, trabalhando, trocando fralda do bebê ou rezando. Já o tempo livre (liberado do trabalho), é uma conquista da sociedade. E o lazer é a forma mais utilizada de ocupação desse tempo livre, seja se divertindo, repousando, conversando, lendo, praticando esporte, etc.
Hoje em dia, o tempo livre esta sendo ocupado na sua maior parte dentro de casa, utilizando os meios de comunicação (televisão, rádio, jornal, vídeo game). Existe também outra parte das pessoas que aproveitam o seu tempo livre se divertindo fora de casa ou da cidade (praças, baile, festa, academia, viagem, contato com a natureza), desfrutando da liberdade, fugindo da correria do dia a dia.    

Mas por que é tão difícil divertir-se?

Existem inúmeras respostas para essa questão, pois todos têm alguma coisa para dizer e com suas razões. Uma delas seria a dificuldade em não fazer nada, relacionando o ócio à quase morte, diante da falta de perspectiva de algo novo. Também, podemos ter uma ideia de como as pessoas passam seu tempo de trabalho para o lazer, mesmo com dificuldades. Alguns resolvem esses problemas do cotidiano da maneira certa, fazendo ginástica, relaxamento, meditando. Enquanto outros recorrem a aspectos prejudiciais à saúde, como o consumo de drogas, bebidas alcoólicas, etc. Podemos observar que uma minoria consegue viver a vida de forma equilibrada, entre diferentes ocupações, vivendo o lazer, sem se sacrificar. Diante desse fato, ações como apreciar um pôr do sol, admirar uma paisagem, escutar uma boa música, saborear um prato bem preparado ou mesmo desfrutar do silêncio, são mais difíceis do que parecem. 
Como diz o autor Luiz Camargo, divertir-se é o remédio contra o estresse, pois estamos sendo guiados pelo poder do trabalho. Corremos, corremos e aceitamos correr ainda mais se necessário, sonhando em vão com um dia no futuro em que não mais será preciso correr. Devemos aprender diferentes formas lúdicas de aventura, de fantasia, para não sermos vítimas da competição ou que mata… Aprendamos a viver e não apenas a trabalhar!
Os autores que se dedicam ao estudo do lazer dizem que não existe um acordo sobre seu conceito, mas sim, dois aspectos que o enfatizam, que são: o da atitude, que considera o lazer como estilo de vida, portanto independente de um tempo determinado e o do tempo liberado do trabalho, das obrigações (familiares, sociais, religiosas), o "tempo livre".
à Para você, o lazer é uma questão de atitude ou somente de tempo livre?

O lazer como atitude é basicamente a satisfação provocada pela atividade vivida. Já o conceito que envolve o lazer com um tempo determinado explica que uma pessoa pode, num certo período de tempo, desenvolver mais de uma atividade; como por exemplo, ouvir música enquanto trabalha.

Seja qual for a área de atuação (sociologia, serviço social, arquitetura, educação física, etc.) o lazer tem, segundo estudiosos da área, relatado em algumas definições como o conceito defendido pelo sociólogo francês Joffre Dumazedier citado por Marcellino (1995), assim enunciado: "(…) conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou ainda para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação social voluntária, ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais".

Requixa citado por Marcellino (1995) define lazer como "(…) ocupação não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a vive, e cujos valores propiciam condições de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal e social".

Já para Ethel, citado por Marcellino (1995), o lazer é o espaço de tempo não comprometido, do qual podemos dispor livremente, porque já cumprimos nossas obrigações de trabalho e de vida".


Importante: Os conceitos apresentados evidenciam como os autores entendem o lazer, e podemos observar se a ênfase é na atitude ou no tempo. A atitude sempre envolve uma questão de valores, ou seja eu tenho o meu lazer porque eu busco um retorno positivo que vai vir através do que eu vou fazer neste tempo destinado ao meu lazer, e na visão tempo, eu visualizo apenas um tempo disponível, para eu fazer o que desejar, incluindo até mesmo o não fazer nada.
Não confunda o não fazer nada no tempo de lazer com ociosidade. A ociosidade é a sombra do trabalho. Dessa forma, o tempo de um desempregado, por exemplo, não pode ser entendido como tempo disponível, mas sim desocupado, desperdiçado.  Alguns autores consideram que se os homens sempre trabalharam, também paravam de trabalhar, existindo assim um tempo de não-trabalho, e que esse tempo seria ocupado por atividades de lazer, mesmo nas sociedades tradicionais, ou seja o tempo de ócio, mas não a ociosidade. Portanto alunos, o lazer sempre existiu, mudando apenas os conceitos sobre o que o envolve e os seus significados.
à O ócio é positivo, é o tempo disponível para o lazer, mas ociosidade é negativo, é um tempo desocupado, desperdiçado, onde não há trabalho e consequentemente não há tempo de lazer.
O ideal é praticarmos uma atividade de livre escolha, num tempo disponível e que proporcione o descanso físico ou mental, o divertimento e o desenvolvimento da personalidade e da sociabilidade. Quem não busca satisfação ao fazer alguma atividade? É claro que devemos ter a nossa própria opção, que é a característica básica do lazer segundo Marcellino (1995).

Abordagens Funcionalistas do Lazer

Romântica: valores da sociedade tradicional e pela nostalgia do passado.
Moralista: caráter de ambiguidade do lazer.
Compensatória: o lazer compensaria a insatisfação e a alienação do trabalho.
Utilitarista: lucro com a estabilidade de seus funcionários.

Devemos apresentar o lazer através de várias abordagens, pois além de ser campo de estudo desde muito tempo, vem progredindo sob o ponto de vista de seu conceito.
Existem várias abordagens funcionalistas que descrevem o lazer, conforme comenta Marcellino (1995), como: romântica (nostalgia do passado), moralista (devido a ambiguidade do lazer);  compensatória (o lazer compensaria a insatisfação e a alienação do trabalho); utilitarista (lucro com a estabilidade dos seus funcionários).
Devemos ressaltar que, vários autores, como os citados em Marcellino (1995) destacam valores de desenvolvimento pessoal e social nas atividades de lazer, e o que é mais importante, na relação escola-processo educativo.
Como diz Ernesto Daniel Stefani, citado por Marcellino (1995): "Como todo profissional, o animador do lazer tem uma missão específica, com o alvo certo no atendimento da pessoa". Por exemplo, o médico atende a saúde física, o padre a saúde espiritual e o técnico de lazer contribui para a manutenção da saúde social.


Características básicas da Recreação
A recreação, segundo Cavallari e Zacharias (1994), apresenta cinco características básicas, que são:

1 - A recreação tem que ser encarada por quem a pratica como um fim nela mesma. O único objetivo é recrear-se.
2 – A recreação tem que ser escolhida livremente e praticada espontaneamente. Cada pessoa pode optar pelo que gosta de fazer, de acordo com seus interesses.
3 – A prática da recreação busca levar o praticante a estados psicológicos positivos. Ela deve estar sempre ligada ao prazer e nunca a sensações desagradáveis e negativas.
4 – A recreação deve propiciar o exercício da criatividade.
5 – A recreação deve ser escolhida de acordo com os interesses comuns dos participantes. As pessoas com as mesmas características tem uma tendência de se aproximarem e se agruparem na busca da recreação que mais se adéqua ao seu comportamento.


Importante dizer:
Ninguém recreia ninguém. O profissional de recreação apenas cria situações propícias para que a própria pessoa se recreie.
A recreação tem um sentido de divertimento e nunca deve estar ligada à situações de stress, o que pode nos levar a refletir sobre como introduzir e administrar situações de competição, onde o rendimento individual, quando solicitado, pode trazer sentimentos de constrangimento e baixa autoestima, indo de encontro ao real sentido de recrear-se.
Atividades recreativas que solicitem o desenvolvimento da criatividade são de grande valia, porque propiciam melhores condições de vida, capacidade de reflexão e visão crítica da realidade.
Conhecer o grupo em que se irá realizar atividades recreativas é fundamental já que em grupos homogêneos  é mais fácil de se propor uma recreação que seja atrativa e prazerosa para todos ou para uma grande maioria.

O LAZER NA SOCIEDADE MODERNA
Pensar sobre o lazer na nossa sociedade não é fácil, pois sabemos que vivemos num mundo muito desigual, onde poucos têm muito e muitos têm pouco. Nossa sociedade é muito heterogênea se pensarmos nas pessoas que a compõe sob o ponto de vista socioeconômico, e o lazer está relacionado diretamente com este aspecto. É claro que não só com isso, mas este fator influencia muito, pois para viajar, ir ao cinema, teatro, tem que se ter dinheiro, mas se uma pessoa, mesmo com uma situação econômica favorável, que lhe possibilite uma gama de opções para o lazer, não for consciente da importância de usufruir o lazer, ou seja, não valorizar o tempo para o lazer, não vai adiantar ter condições para desfrutar dele se não o buscar, se não querer aproveitar o seu tempo para o LAZER.
Para pensarmos e refletirmos sobre o lazer e como ele acontece na nossa sociedade, além do que o envolve, vamos começar lendo um pouquinho estes comentários abaixo relatados por Marcellino (1995).

Significado do lazer
Grande parte da população ainda associa o lazer às atividades recreativas, ou a eventos de massa, talvez pela palavra ter sido utilizada em promoções de instituições dirigidas para grandes públicos. Os conteúdos do lazer podem ser os mais variados, como por exemplo: descansar, recuperar as energias, distrair-se, entreter-se, recrear-se, desenvolvimento pessoal e social, enfim, o descanso e o divertimento são os valores comumente mais associados ao lazer. É sempre bom lembrar que o sentido da vida não pode ser buscado, como muitas vezes somos levados a crer, apenas num fim de semana, ou numa viagem, embora essas ocasiões possam ser consideradas como possibilidade de felicidade e formas de resistência para o dia-a-dia, mas é muito mais, é uma questão mais ampla, que envolve a saúde e como a pessoa visualiza a sua vida.

O conteúdo do lazer
A realização de qualquer atividade de lazer envolve a satisfação de aspirações dos seus praticantes. As práticas esportivas, por exemplo, o passeio, a pesca, ginástica, atividades em que prevalece o movimento, constituem o campo dos interesses físicos. Com relação a isso, o ideal seria que cada pessoa buscasse atividades que abrangessem vários grupos de interesses, procurando, dessa forma, exercitar, no tempo disponível, não só o corpo, como neste exemplo, mas também a imaginação, o raciocínio, a habilidade manual, o contato com outros costumes e o relacionamento social, quando, onde, com quem e de maneira que quisesse.

As barreiras para o lazer
O autor Marcellino nos mostra que grande parte das pessoas trabalha nos finais de semana e, mesmo os que não exercem atividades profissionais, utilizam o seu tempo ficando presos ao ambiente doméstico. Ele diz que para pesquisar essa área no Brasil, existem poucos recursos que subsidiam pesquisas que pudesse fornecer indicadores fidedignos na obtenção um resultado preciso sobre esta área tão importante do conhecimento.
Você verá que existem fatores que inibem e dificultam a prática do lazer, fazendo com que ela se constitua em privilégio. São as barreiras intraclasses sociais. Nelas se enquadram as classes sociais, o nível de instrução, a faixa etária (idosos e crianças), o sexo (sendo as mulheres desfavorecidas), o acesso ao espaço, a violência crescente nos centros urbanos, entre outros fatores que limitam o lazer a uma minoria da população.

O espaço urbano
Aqui veremos que no cotidiano das pessoas, o espaço para o lazer é o espaço urbano. O aumento da população urbana gerou desníveis na ocupação do solo, separando de um lado as áreas de benefícios, e de outro a periferia, verdadeiro depósito de habitações.
Essa situação é agravada, sobretudo se considerarmos que, cada vez mais, as classes menos favorecidas da população vêm sendo expulsas para periferia, e, portanto, afastadas dos serviços, dos equipamentos de lazer, das opções de lazer. Cada vez menos encontramos locais para as brincadeiras das crianças, para o futebol de várzea, ou locais que sirvam como pontos de encontro.

A casa, o bar, a rua… equipamentos não-específicos
Conforme demonstrado em vários estudos, a maioria da população dos centros urbanos desenvolvem suas atividades de lazer nas suas casas. Mas o que quer dizer equipamentos não-específicos? É um espaço não construído de modo particular para essa função, mas que eventualmente pode cumpri-la, assim como o lar, os bares, as ruas, as escolas (quadras, pátios, auditórios, salas), etc. O nosso país está com déficit habitacional, por isso devemos estimular alternativas criativas em termos de áreas coletivas para o uso do lazer.

Equipamentos específicos
Equipamentos específicos são espaços concebidos para a prática das várias atividades de lazer, como teatro, cinema, centros comunitários, culturais ou esportivos, grandes parques, colônia de férias. A maioria das cidades não conta com um número suficiente desses equipamentos para a população. Mesmo naquelas cidades que têm esses equipamentos, nem sempre fazem uso deles, justificado pela falta de conhecimento, ou seja, pela falta de divulgação entre os que poderiam usufruir dele.
Muitas vezes a solução não está na construção de novos equipamentos, mas na recuperação de espaços já existentes, destinando-os à sua função original, ou com as adaptações necessárias para as finalidades propostas.

Lazer: substantivo masculino
Esse título está dando ênfase nas diferenças entre homens e mulheres perante a sociedade em termos do lazer. No lazer, as mulheres são vetadas, ainda hoje, na participação em muitas programações. Essa diferença começa já na infância, e eu diria que é uma questão cultural, pois enquanto os meninos são vistos como interessados em aventuras fora de casa e agressivos, as meninas que devem ajudar em casa, têm interesse na vida familiar… Já mulheres, muitas sofrem com a rotina diária, enquanto outras que ‘trabalham fora’ a situação também não é tão animadora. Há um longo caminho a ser percorrido, mas é fundamental que o lazer signifique também para as mulheres e sem restrições a “escolha do quê e onde fazer”, e não apenas a uma submissão imposta pela sociedade.

A preservação dos jogos e brinquedos
Infelizmente alunos, as nossas tradições estão sendo esquecidas, as antigas brincadeiras e jogos infantis vêm sendo substituídos pela televisão, pelos brinquedos industrializados. Isso devido a uma redução de áreas livres para o lazer, e também pela influência dos meios de comunicação, dos jogos e avanços tecnológicos.
As consequências negativas desse processo são a diminuição de ocasiões que reúnam as crianças, ou seja, das brincadeiras coletivas, do incentivo à iniciativa dos brinquedos feitos em casa pelas próprias crianças, utilizando materiais recicláveis e de simples construção.
É preciso conservar a memória dos jogos e brinquedos, evitando que se percam…
É importante a criança ter o tempo e o espaço necessário para produzir cultura, e não apenas ser possuidora de mercadorias industrializadas que muitas vezes não estimulam a criatividade.

Terceira idade: tempo de lazer?
Os estudos mostram que os idosos são os que menos frequentam os equipamentos de lazer, devido à redução do padrão de vida e falta de incentivo e apoio por parte do governo e das próprias famílias. A aposentadoria, por exemplo, pode ser vista como uma transformação de um sonho em um duro pesadelo de pessoas “sem função”, quando se veem sem o seu papel produtivo na sociedade. Infelizmente os idosos sofrem uma série de preconceitos, prejudicando ainda mais a sua autoestima. Mas há muito a ser feito para que a terceira idade se constitua em uma idade privilegiada para a vivência do lazer. É necessário que os próprios idosos reivindiquem seus direitos. Isso é triste, mas é realidade no nosso país, que ainda tem muito que avançar neste aspecto!

Valores: manutenção ou mudança
O autor diz que a importância do lazer significa considerá-lo como um tempo privilegiado para a vivência de valores que contribuam para mudanças de ordem moral e cultural. Mudanças necessárias para a implantação de uma nova ordem social. As abordagens românticas, moralista, compensatória e utilitarista buscam a manutenção de ordem, ou seja, ajustar a sociedade para que haja harmonia com relação à busca de valores associados ao lazer e ao dia-a-dia das pessoas (ajudando a suportar as indisposições sociais).

Um duplo processo educativo
Podemos dizer que esse assunto trata de um posicionamento baseado em duas constatações: a primeira é que o lazer é um vínculo privilegiado da educação, e a segunda, que para a prática de atividades de lazer é necessário o aprendizado, o estímulo, que passe dos níveis mais simples para os mais complexos, usando a criatividade. Assim, verifica-se um duplo processo educativo: o lazer como vínculo e como objeto de educação (esclarecendo sua importância, incentivando a participação e transmitindo informações sobre programas e benefícios). A educação para o lazer pode ser entendida como um instrumento de defesa contra a homogeneização e internacionalização dos conteúdos vinculados pelos meios de comunicação de massa. Só assim as pessoas vão vivenciar um lazer criativo e gratificante, o qual ela escolhe e se identifica.

Tempo de férias
Mesmo com as variadas reclamações de preço do combustível, passagem “cara”, congestionamento, as pessoas dão um jeito de buscar soluções para o lazer. O tempo de férias é um intervalo em que não se trabalha, consagrado ao tempo “livre”. A quebra da rotina diária, os passeios ou viagens fazem parte do sonho de todos os trabalhadores. A frustração das expectativas pode acontecer, mas não deve desestimular a busca por esse lazer.

O turismo como lazer
Mas o que motiva as pessoas a enfrentarem um enorme congestionamento, entre outras coisas? Uma das respostas é a quebra da rotina, novas paisagens, pessoas, costumes, estilos de vida diferentes. É essa a aspiração dos turistas. Os interesses turísticos estão incluídos entre os conteúdos culturais do lazer.
O sociólogo Paulo Oliveira constatou que o turismo, enquanto atividade de lazer, envolve três dimensões: imaginação, ação e recordação.
O imaginário antecede a viagem, pois as pessoas saem a procura de informações, fotos, folhetos, um referencial para sua viagem. O real é a viagem em si. E a recordação é o prolongamento da viagem, que não termina na volta. Por esse motivo e outros, o turismo pode e deve ser entendido como uma atividade cultural de lazer, uma oportunidade de conhecimento, de enriquecimento, de sensibilidade, de percepção social e experiências agradáveis.

TV em discussão
Na sua maioria, as atividades de lazer são desenvolvidas dentro de casa, na qual é usada quase sempre a televisão. Será que as pessoas utilizam a televisão como forma de se comunicar, por falta de companhia?
A televisão tem um público de pessoas de variadas idades e níveis socioeconômicos distintos, ficando assim, internacionalizados, trazendo como consequência a homogeneização.
O filósofo Pappenheim concorda com o baixo nível dos programas de rádio e televisão. No caso da infância, a TV contribui para a formação cultural das crianças, antes construídas nos brinquedos e brincadeiras. O autor cita que o educador também deve ter um novo posicionamento em relação aos meios de comunicação, pois a TV está presente dentro das escolas. Isto deve ser pensado e discutido. Devemos achar uma resposta para essa questão!

O gosto e a prática esportiva
Foi feita uma pesquisa e verificou-se que a perda do interesse pelo esporte foi devido à queda da prática que se verifica logo após o término do período da vida escolar, causado pelo alto grau de seletividade da atividade esportiva; falta de equipamentos específicos, diminuição de espaços urbanos; pouca diversificação de atividades esportivas, etc.
O futebol ainda tem o domínio da preferência, com 45%, e da prática, 16% no geral, e mais de 40% entre os praticantes de algum esporte. Na pesquisa referida, o maior número de praticantes situa-se na faixa etária entre 15 e 24 anos, sendo que, entre as pessoas com 40 anos ou mais, a prática cai para 6%. Temos observado que a prática também vem crescendo no futebol feminino, mas mesmo crescendo, ela ainda empata com o vôlei feminino.
Bem, cabe às políticas setoriais possibilitar uma menor defasagem entre o gosto e a prática, e a elevação de níveis na valorização desta cultura esportiva.

A esperança na alegria
Todos os dias estão mostrando que o povo está cansado de ter esperanças. Mas mesmo assim, ainda surgem sinais de que a esperança não morreu e continua permitindo momentos de festa, alegria, prazer.
O educador Rubem Alves nos lembra que: ”Quem tem alegria e ama a beleza luta melhor”.
Todos têm em comum a recusa da sociedade estabelecida que não permite nem mesmo a esperança. Devemos reverter essa situação, nos unindo e fazendo com que a esperança nunca morra!

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