As Vantagens da Sustentabilidade Empresarial
Silvio Figueiredo Gomes Júnior <silviofgj@gmail.com>
André Raeli Gomes <araele@gmail.com>
Resumo: Atualmente, para garantir a sua perenidade, muitas empresas devem inserir na sua
estratégia elementos que consideram o perfeito equilíbrio nas relações com diversos grupos
de interesse. Por isso, os sistemas econômicos, sociais e ambientais devem estar interligados
e, portanto, as empresas não podem implementar estratégias que contemplem somente uma
das dimensões, contrariando diversas correntes que defendiam que as empresas deviam
concentrar seus esforços e investimentos na produção e na busca da competitividade. Com
objetivo de incentivar às empresas a desenvolverem ações com enfoque em sustentabilidade,
Índices de Sustentabilidade foram criados em escala global. No Brasil, o Índice de
Sustentabilidade Empresarial - ISE da Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA foi criado
em 2005 e uma carteira de ações de empresas que atendem, anualmente, aos requisitos do
questionário desenvolvido pela BOVESPA é apresentado anualmente desde então. Este artigo
apresenta os aspectos que levam às empresas a participarem destes índices e as vantagens
que estas empresas podem alcançar no mercado ou em relação aos seus clientes por
adotarem ações ambientalmente e socialmente responsáveis.
Palavras-chave: Índices de sustentabilidade; Sustentabilidade Empresarial; Tripple Botton
Line
1. Introdução
Apesar da complexidade e diversidade do tema sustentabilidade, é senso comum que o
conceito de desenvolvimento de uma região precisa considerar, além de considerar aspectos
relativos ao crescimento econômico, se preocupar também com as questões ambientais e
sociais, inclusive no que diz respeito ao bem-estar geral da população. O desenvolvimento
sustentável envolve a consideração de três elementos interdependentes, que lhe servem de
sustentação: desenvolvimento econômico, social e a garantia da proteção ambiental,
denominada Triple Bottom Line - TBL. O surgimento do conceito do TBL foi fundamental
para a mudança do paradigma das empresas, que tinham como único foco o lucro
(BARBOSA, 2007).
A questão é complexa e requer uma constante discussão sobre os limites e impactos do
crescimento econômico na sociedade – que precisa se conscientizar de seu papel neste
processo – e no ambiente, cujas necessidades precisam ser respeitadas, sob pena de
esgotamento de recursos fundamentais para as gerações futuras.
A idéia base do Triple Bottom Line é de que o sucesso e saúde de uma empresa não
devem ser avaliados somente por medidas financeiras tradicionais, mas também por sua ética,
responsabilidade social, e seu desempenho ambiental (NORMAN; MACDONALD, 2003).
Enquanto autores como Christmann (2000) afimam que implantar políticas de
sustentabilidade coloca imediatamente a empresa em nível superior de credibilidade, com
capacidade para obter ganhos e reduções de custos, outros acreditam que, os esforços das
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empresas devem se concentrar na maximização do lucro financeiro, como Jensen (2001), e
que todos os investimentos devem ser direcionados para a produção e obtenção de lucros.
Para reduzir este conflito entre o crescimento econômico e a proteção ambiental,
destaca-se a promoção de uma política de sustentabilidade. A sustentabilidade organizacional
tenta conciliar os objetivos, tradicionalmente associados com o crescimento econômico com
as limitações ambientais e a atividade econômica. Brundtland et al (1991) afirmam que, as
preocupações econômicas e as ecológicas não se opõem, necessariamente. Faucheuxm
Gowdy e Nicolai (1998) apresentam que o desenvolvimento sustentável é uma reconciliação
entre a livre economia de mercado e os benefícios advindos dela com a proteção ao meio
ambiente. Esta reconciliação é o pré-requisito para uma economia sustentável, bem como, é a
fonte de bem estar geral.
Nos dias atuais, cada vez mais empresas buscam adotar práticas sustentáveis em seus
processos produtivos, acreditando que estas práticas podem trazer maiores ganhos para a
empresa a médio ou longo prazo (DIAS, 2007). Assim, diante dessa preocupação com a
responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial, medidas foram desenvolvidas para
avaliar a valorização das ações de empresas que investem em responsabilidade social e
ambiental.
Entre estas ações podemos citar a criação, em 1999, nos EUA, o Dow Jones
Sustainability Index (DJSI – Índice de Sustentabilidade Dow Jones), primeiro índice a
avaliar o desempenho financeiro das empresas líderes em sustentabilidade. No Brasil, em
2005, a Bovespa lançou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), indicador composto
de ações emitidas por empresas que apresentam alto grau de comprometimento com
sustentabilidade e responsabilidade social.
A proposta deste trabalho é analisar as diversas razões pelas quais grandes empresas
dispendem esforços para participarem de índices de sustentabilidade e, particularmente, se as
empresas participantes do ISE conseguem melhores desempenhos financeiros que empresas
integrantes de outras carteiras de investimento. Para isso, apresenta-se a seguir as principais
relações entre a sustentabilidade e os diferentes fatores ligados aos desempenho financeiro de
uma empresa. Em seguida, descreve os principais índices de sustentabilidade hoje existentes
focando no ISE, por se tratar do principal índice existente no Brasil e seu desempenho nos
últimos anos e, por fim, uma conclusão dos assuntos tratados no artigo.
2. Relação entre Sustentabilidade Ambiental e Desempenho Financeiro
Há muita discussão se o desempenho das empresas melhora com investimentos feitos
em sustentabilidade e, se os investimentos feitos em prevenção de poluição podem beneficiar
o resultado financeiro.
Repetto e Austin (2001) destacam que, atualmente, o desempenho financeiro dos
negócios é significadamente afetado pelos custos e oportunidades apresentados por problemas
ambientais. Regulamentação, materiais, preço de energia, demandas dos consumidores e o
desenvolvimento de novos mercados podem influenciar os resultados financeiros das
companhias.
A combinação de tecnologias ambientais (cujo objetivo é minimizar os impactos
causados ao meio-ambiente) com novas tecnologias de produção trazem grande potencial de
vantagem competitiva e de desempenho superior para as empresas. Por exemplo, esforços
para reduzir emissões poluidoras, por meio da prevenção, refletem-se, positivamente, no
resultado de uma empresa.
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Há, ainda, a influência positiva da estratégia de sustentabilidade ambiental sobre o
custo de capital. Hart e Ahuja (1996) confirmam a existência de uma relação entre a redução
de emissões com o custo de capital e a reputação da empresa. Se a empresa tem perfil
ambiental favorável, terá menor exposição a processos judiciais, melhor reputação e maior
valor de mercado. Desempenho pobre no quesito ambiental pode afetar o custo de capital da
empresa, aumentando-o, e o custo de capital afeta, diretamente, o desempenho financeiro.
3. Relação entre Sustentabilidade Ambiental e Reputação Empresarial
As demandas mundiais estão caminhando rapidamente, na direção da valorização dos
produtos de melhor desempenho energético e de baixos níveis de poluição, sem mencionar
aqueles produtos que possuem alto valor de revenda e possibilidade de reciclagem. Muitas
empresas estão usando a inovação ambiental para conseguir preços maiores por seus produtos
ecologicamente orientados, e aumentar sua reputação perante os clientes.
A reputação social e o temor causado por perdas nos acidentes ambientais podem ser
os motivos que levam algumas empresas de capital aberto a superar as normas de regulação
ambiental. As grandes corporações, voluntariamente, adotam práticas acima das exigências
legais e lançam uma imagem de serem ambientalmente preocupadas. Estas empresas são
recompensadas no mercado por tomarem estas ações, principalmente por meio da redução de
seu custo de capital.
Buscando valorizar as ações destas empresas é que foram criados diversos índices de
sustentabilidade em diversos países e que serão vistos posteriormente.
4. Estratégias de Sustentabilidade e Vantagem Competitiva
O centro da estratégia do desenvolvimento sustentável é a necessidade de incluir
considerações econômicas e ecológicas no processo de tomada de decisões. Como a
economia, ecologia e sociedade estão integradas nas atividades do mundo real, será preciso
mudar as atitudes e os objetivos, para posteriormente, se chegar a novas disposições
institucionais em todos os níveis, garantindo-se assim, a sustentabilidade.
Segundo Ricart, Rodrigues e Sánchez (2005), vertentes da literatura demonstram como
as firmas podem ganhar vantagem competitiva por meio de estratégias de sustentabilidade:
aumento dos ganhos com eficiência nos custos, aquisição de recursos estratégicos e
capacidades, desenvolvimento da aprendizagem e das capacidades dinâmicas.
Scharf (2004) descreve que, as organizações sustentáveis devem possuir características
em diversas dimensões diferentes, garantindo a sua continuidade, sendo que, as principais
são:
• Manutenção de uma perspectiva de rentabilidade econômica no médio e longo prazo;
• Operações dentro da lei, não gerando passivos e prejuízos inesperados;
• Minimização da dependência de recursos esgotáveis ou sujeitos à escassez;
• Desenvolvimento de produtos e ou serviços que, contribuam para o que é percebido
pela sociedade como um benefício social ou ambiental;
• Estabelecimento de uma relação de respeito e minimização do conflito com os
stakeholders, ou seja, qualquer pessoa ou entidade que afeta ou é afetada pelas
atividades de uma empresa;
• Cultivo da eficiência no uso dos recursos renováveis e não-renováveis, por meio de
investimento em tecnologia avançada e soluções de longo prazo;
• Redução de resíduos e reciclagem dos materiais que descarta;
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• Prática da transparência na gestão, promovendo a confiança entre os vários grupos de
stakeholders;
• Não utilização de propagandas que induzam o público a confundir a verdadeira
atuação da empresa;
• Relacionamento com as demandas de ordem global (como aquecimento do planeta) e
local (a comunidade que sua atuação afeta), simultaneamente.
Segundo Faucheux, Nicolai e O´Connor (1998) a colocação em prática de estratégias
ambientais pode ser resultado de pressões externas ou de motivações de aquisição de
vantagem competitiva. Desta forma, os autores dividem as empresas em três categorias:
• As empresas que procuram uma estratégia defensiva com respeito aos problemas
ambientais, PIS, enxergam que estas estratégias trarão custos extras e, portanto, devem
ser mantidos no menor nível possível;
• As empresas que optam por colocar pró-ativamente em prática uma estratégia
ambiental, e são as que buscam se antecipar às novas regulamentações e transformar
este assunto em vantagem competitiva;
• As empresas que estão entre os dois extremos, que são chamadas de seguidoras, por se
movimentarem somente quando estiver definida a melhor posição.
Em síntese, a implementação de uma estratégia ambiental pode, para algumas
empresas representar custos adicionais e, para outras vantagens competitivas.
5. Relação entre Sustentabilidade, Disclosure Ambiental, Regulamentação e Qualidade
O disclosure ambiental tem sido usado como uma ferramenta para a gestão das
políticas de sustentabilidade. As empresas publicam os relatórios ambientais, que são
elaborados para dar resposta às pressões exercidas por vários grupos de stakeholders sobre os
gestores. O objetivo desta pressão é para que os gestores garantam transparência nas
informações sobre o impacto das atividades da empresa na sociedade e no meio ambiente.
Sistemas de qualidade atuam como alavancadores dos processos de sustentabilidade e
gerenciamento ambiental. De acordo com Isaksson (2005), a função do gerenciamento da
qualidade é percorrer “uma jornada constante para cumprir e, preferencialmente, exceder as
necessidades e expectativas dos clientes ao menor custo possível, por meio de trabalho de
melhoria contínua, no qual todos os envolvidos estão comprometidos, focando nos processos
da organização”.
Além disso, existe uma relação entre os conceitos do gerenciamento da Qualidade
Total e os conceitos de sustentabilidade do TBL, pois várias partes dos seus sistemas estão
alinhadas entre si.
6. Índices de Sustentabilidade e seus Objetivos
Segundo BOVESPA (2005), a sustentabilidade vem sendo tratada como ponto
fundamental para a sobrevivência das organizações. Há alguns anos iniciou-se uma tendência
mundial dos investidores, de procurarem empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e
rentáveis para aplicar seus recursos. Estas aplicações são denominadas “investimentos
socialmente responsáveis” (SRI), pois, considera que as empresas sustentáveis geram valor
para os acionistas a longo prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar os riscos
econômicos, sociais e ambientais. Essa demanda é hoje amplamente atendida por vários
instrumentos financeiros no mercado internacional.
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Os índices de sustentabilidade surgiram com presença global a partir de 1999, quando
foi criado no EUA o Dow Jones Group Índex – DJSGI (DJSI, 2007). De acordo com Finch
(2005), o principal objetivo dos índices de sustentabilidade é o de criar uma referência para se
medir o desempenho financeiro das empresas neles listadas, pois, muitos investidores estão
buscando aplicar seus recursos em empresas éticas e socialmente responsáveis. Estes índices
são desenhados de forma a criar um benchmark, permitindo, assim, aos investidores,
identificar as empresas listadas que aplicam práticas sustentáveis de negócios. Estas empresas
estão listadas, não somente por apresentarem bons proventos financeiros, mas também, por
apresentarem resultados acerca de outras dimensões de sustentabilidade.
6.1 Principais índices de sustentabilidade no mundo
Finch (2005) detalhou alguns dos principais índices de sustentabilidade no mundo,
suas características e os fatores mais relevantes de sua composição. A tabela 1 resume o ano
de criação, abrangência e pontos para inclusão das empresas.
Tabela 1 – Relação dos principais índices mundiais de sustentabilidade
Índice Lançamento Abrangência Principais critérios de inclusão
ARESE 2001 Europa - Gerenciamento de recursos humanos
- Gerenciamento ambiental
- Clientes e fornecedores
- Critérios dos acionistas
- Sociais
DOW JONES
SUSTAINABILITY
INDEX (DJSI)
1999 Global - Estratégia
- Clientes e produtos
- Governança e stakeholders
- Recursos humanos
- Processos produtivos
FTSE4GOOD 2001 USA - Critérios de sustentabilidade ambiental
- Relações com stakeholders
- Direitos Humanos Universais
CALVERT 2000 USA - Impacto do produto
- Ambiente
- Local de trabalho
- Relações com a comunidade
- Operações internacionais e direitos humanos
DOMINI SOCIAL
INDEX
1990 USA - Social e ambiental
- Exclui companhias de bebidas alcoólicas, fumo, jogos,
energia nuclear e armamentos
E.CAPITAL
PARTNERS
ETHICAL INDEX
2000 Global - Financeiros
- Sociais e ambientais
- Exclui companhias de armamentos, nuclear, bebidas
alcoólicas, fumo, jogos e pornografia
HUMANIX
ETHICAL INDEX
2001 Global - Respeitos aos Direitos Humanos
- Exclui companhias de armamento e bebidas alcoólicas
JANTZI SOCIAL
INDEX (JSI)
2000 Canadá - Sociais e ambientais
- Exclui companhias de energia nuclear, armamento e
tabaco
- Exclusão de empresas com baixo nível de relações
com comunidades aborígines, empregados e com baixo
desempenho ambiental
Os índices de sustentabilidade também exercem uma função financeira, ou seja,
formam carteiras atraentes em termos de retorno aos investidores. Os investidores socialmente
responsáveis, ou seja, aqueles que buscam aplicar boa parte de seus recursos em empresas que
estão listadas nas carteiras de índices de sustentabilidade estão também preocupados com o
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retorno de seus investimentos. Desta forma, estes investidores buscam uma combinação entre
os investimentos sustentáveis e os retornos financeiros.
7. Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE
7.1 Descrição Geral
No Brasil, foi criado, em 2005, o ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial, cujo
objetivo é refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas que se destacam
por práticas de sustentabilidade empresarial e responsabilidade social. O ISE é baseado na
análise da sustentabilidade nos âmbitos da eficiência econômica, do equilíbrio ambiental, da
justiça social e da governança corporativa.
7.2 A importância do ISE
O ISE é uma ferramenta importante para ampliar o entendimento sobre as empresas e
grupos empresariais comprometidos com a sustentabilidade empresarial, diferenciando-os em
termos de qualidade, nível de compromisso, transparência, desempenho, dentre outros fatores
relevantes para investidores com preocupações éticas (CES-FGV, 2007).
A abordagem da sustentabilidade dado pelo IFC (International Finance Corporation),
um dos braços do Banco Mundial e financiador do processo de criação do ISE, tem como
base o fortalecimento do setor privado, para que este ajude nas atividades de redução da
pobreza, considerando quatro dimensões de sustentabilidade – econômica, financeira, social e
ambiental, ou seja, os benefícios oriundos do crescimento econômico devem ser
compartilhados, em igualdade, entre as populações e de forma ambientalmente sustentável.
(IFC, 2005).
7.3 Questionários e critérios de seleção
As empresas são selecionadas por meio de análise de questionário abrangente
(BOVESPA, 2009), desenvolvido pelo Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação
Getúlio Vargas (CES-FGV). O questionário é enviado para as companhias emissoras das 150
ações mais negociadas na BOVESPA, e parte do conceito do TBL, agregados com os critérios
de natureza dos produtos e governança corporativa. A estrutura do questionário engloba
perguntas pertinentes a seis dimensões de avaliação da sustentabilidade (geral, natureza do
produto, governança corporativa, econômico-financeira, ambiental e social) as quais são
subdivididas em critérios específicos de análise. Alguns dos pontos analisados para a inclusão
da empresa no ranking são:
• Governança Corporativa;
• Melhoria das práticas ambientais;
• Relatórios ambientais;
• Relatórios de desenvolvimento sustentável;
• Comunicação aberta com stakeholders;
• Responsabilidade da empresa em toda cadeia de suprimentos e exigências para que os
fornecedores tenham participação na política de sustentabilidade;
• Interface com os clientes;
• Inovação ambiental;
• Contribuição para qualidade de vida.
A carteira final do ISE tem papéis de um máximo de 40 das empresas com
reconhecido comprometimento com as boas práticas de governança corporativa e
responsabilidade socioambiental. O questionário é revisado anualmente e novas carteiras são
divulgadas a cada ano segundo os critérios de inclusão e exclusão propostos pelo ISE.
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7.4 Desempenho do ISE
As empresas sustentáveis têm uma gestão de melhor qualidade e, por isso, sofrem
menos com a volatilidade da bolsa no longo prazo. São companhias supostamente melhor
preparadas para o futuro, além disso, o maior benefício para a empresa que opta pela
sustentabilidade é a boa reputação.
Desde o seu lançamento, no dia 30 de novembro de 2005, o Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE) da Bovespa acompanhou de perto o desempenho do Ibovespa.
O Índice Bovespa (IBOVESPA) é o mais importante indicador do desempenho médio
das cotações das ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo. É formado pelas ações
com maior volume negociado nos últimos meses.
A seguir, a tabela 2 apresenta a variação do ISE a partir do ano de 2005, ano de sua
criação, até o mês de agosto de 2009. Os dados são retirados do site da BOVESPA
(www.bovespa.com.br). A tabela 3 apresenta a variação no IBOVESPA no mesmo período.
Tabela 2 – Variação do ISE de 2005 a 2009
Ano Índice de Variação Anual
Índice de
Fechamento Variação Anual
Fechamento Nominal Nominal em US$ em US$
01/11/2005 1.000,00 453,1
2005 1.040,08 4,01 444,35 -1,93
2006 1.433,42 37,82 670,45 50,88
2007 2.011,81 40,35 1.135,78 69,41
2008 1.185,19 -41,09 507,14 -55,35
2009 (31/08) 1.607,30 35,62 852,05 68,01
Tabela 3 – Variação do IBOVESPA de 2005 a 2009
Ano
Índice de Variação Anual Fechamento Variação Anual
Fechamento Nominal Nominal em US$ em US$
27/06/1905 33.455,94 27,71 14293,12 44,83
2006 44.473,71 32,93 20801,54 45,54
2007 63.886,10 43,65 36067,35 73,39
2008 37.550,31 -41,22 16.067,74 -55,45
2009 (31/08) 56.488,98 50,44 29945 86,37
Utilizando as variações do ISE e do IBOVESPA de 2005 a 2009, apresenta-se a seguir
os gráficos referentes às comparações das variações anuais nominais de ambos os índices
(figura 1) e a comparação das variações anuais em dólar (figura 2) entre eles.
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2005 2006 2007 2008 2009
(31/08)
IBOVESPA
ISE
Figura 1 – Comparação da variação anual nominal entre o ISE e o IBOVESPA de 2005 a 2009.
2005 2006 2007 2008 2009
(31/08)
IBOVESPA
ISE
Figura 2 – Comparação da variação anual em US$ entre o ISE e o IBOVESPA de 2005 a 2009.
Analisando os dados apresentados, verifica-se que o ISE, em seu primeiro ano, teve
desempenho levemente superior ao Ibovespa, e encerrou o período com alta de 37,82% contra
32,93% do IBOVESPA. Em 2007, contudo, houve um equilíbrio entre os dois índices. O ISE
teve alta de 40,35%, enquanto o Ibovespa apresentou valorização de 43,65% no ano. Em
2008, ano em que o mercado financeiro mundial encarou uma forte crise, estes índices
mantiveram o equilíbrio apresentado no ano anterior. O ISE teve um desempenho levemente
melhor, sofrendo uma desvalorização de 41,09% enquanto que o IBOVESPA desvalorizou
41,22%. Entretanto, nos oito primeiros meses de 2009, o ISE teve uma valorização de 35,62%
enquanto o IBOVESPA já se valorizou em 50,44%. Esta grande diferença no ano de 2009
justifica-se por uma influência bastante grande de empresas do setor de telecomunicações
nesse período sofrida pelo IBOVESPA. As ações do setor tiveram forte valorização e
impactaram o índice. Como não há empresas do setor de telecomunicação no ISE, sua
valorização foi menor, o que justifica a diferença do desempenho entre os dois índices.
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8. Conclusão
O ISE é um índice relativamente novo no mercado de capitais brasileiro, e tem como
intuito fornecer um selo que garante à empresa que a mesma foi avaliada dentro dos critérios
de sustentabilidade estabelecidos pela BOVESPA e pelo CES-FGV.
O resultado apresentado mostra que investimentos socialmente responsáveis das
empresas que compõem a carteira do ISE apresentam retorno de investimentos semelhantes
aos retornos conseguidos pelas empresas que compõem o IBOVESPA nos anos de 2005 a
2009.
Estes resultados geram questionamentos se é vantajoso para uma empresa adotar
práticas ambientalmente responsáveis para participarem do ISE.
No entanto, a visão do mercado e dos consumidores em relação a estas empresas que
adotam ações sustentáveis tem se mostrado bastante favoráveis, o que gera vantagens além do
retorno financeiro proporcionado pelo ISE.
Estas empresas apresentam melhor reputação e conseguem maior valor no mercado,
sendo capazes de apresentar melhores resultados aos seus acionistas, pois estão mais
preparadas para enfrentar os riscos econômicos, sociais e ambientais.
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